Benefício intransferível vira fonte de renda
1 de fevereiro de 2011Assaltos a ônibus na capital diminuíram 65,4%
3 de fevereiro de 2011
Para especialistas, priorizar projetos para a circulação de carros vai na contramão do que a cidade precisa. O problema é fazer as pessoas andarem mais rápido, não os carros, diz Ailton Brasiliense, presidente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e ex-diretor da CET na gestão de Luiza Erundina (1989-92). Para ele, a prioridade deve ser o transporte coletivo. Se é para reduzir a circulação de automóvel e a poluição, temos de fazer uma outra coisa que é fundamental: aumentar e qualificar a oferta do transporte público, diz.
Horácio Augusto Figueira, mestre em transportes pela USP, concorda. Ele diz que a ideia é muito parecida com o Plano de Vias Expressas dos anos 1970, mas num contexto bem menos justificável.
É a mesma ideia de jerico. Falar em vias expressas na situação em que o planeta vive, numa cidade como SP, é assinar atestado de óbito. Para ele, investir em vias rápidas é uma coisa dos anos 1950/60. Esse plano foi um sonho no auge americano, que várias cidades do mundo compraram.
O melhor, diz, é investir mais em corredor de ônibus. Brasiliense diz que o mais complicado é que não se encara o problema central de frente. Nós ficamos o tempo todo construindo sistema para automóvel, vide as dez faixas da marginal Tietê.
Melhorar a circulação de carros, diz Brasiliense, só colocará mais carros nas ruas.Uma coisa que já aprendemos é que quanto mais espaço você libera para eles, mais eles ocupam espaços. A prefeitura afirma que a melhoria da circulação dos carros por meio dos anéis e eixos viários vai ajudar a liberar as vias radiais estruturais para os ônibus. Diz, ainda, que as vias expressas também poderão receber corredores de ônibus.
PRESTES MAIA
A ideia de estruturar a circulação em avenidas de tráfego rápido remonta aos anos 1930, quando fábricas como a Ford e a General Motors se instalaram no país. Foi nessa década que Prestes Maia (prefeito de 1938 a 1945) implantou o Plano de Avenidas, que resultou em vias como Nove de Julho, Duque de Caxias e São Luís. Em 1971, foi posto em prática um sistema de circulação em grelha, interligando anéis viários e rodovias- parecido com a ideia atual. Com a crise do petróleo, a prioridade aos carros ficou em xeque. Desde então, os prefeitos se alteraram entre a circulação de carros e o transporte público.
Fonte: Folha de S.Paulo – 31 de janeiro de 2011