O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Aracaju (Setransp) destaca que a retirada das placas de identificação das faixas exclusivas a ônibus, buscada pelo Ministério Público Estadual na Justiça, descaracteriza a evolução em mobilidade urbana que Aracaju conquistou com a implantação de uma via prioritária para o transporte coletivo. Sem as placas de identificação, os veículos particulares estarão à vontade para circular nas vias destinadas aos ônibus, que tanto beneficiaram o deslocamento dos passageiros em suas rotinas diárias.
Mesmo com apenas dois percursos de faixas exclusivas – trechos Porto Dantas/ Beira Mar e Tancredo Neves – o transporte público da capital sergipana conquistou uma redução no tempo das viagens em mais de 30%, isso em trajetos de congestionamentos em horário de pico significou uma redução em mais de 20 minutos no deslocamento. É mais tempo para saúde, educação, emprego, cultura, lazer, sem falar na redução dos riscos de acidentes de trânsito, haja vista que a faixa exclusiva reserva ao ônibus um fluxo livre da disputa com veículos particulares por espaço no trânsito.
Implantadas em Aracaju em março de 2016, as faixas exclusivas e prioritárias compreendem uma extensão de mais de 35 KM (ida e volta) e atendem uma demanda de 80 mil passageiros por dia nas 23 linhas que circulam nas faixas. “É preciso entender que o transporte público serve a 70% da população em uma cidade e conta com somente 20% das vias para um fluxo livre. As faixas são uma evolução que prioriza a maioria, pensando no bem coletivo, e que gera previsibilidade de chegada para o passageiro. E quando são fiscalizadas nos horários de pico, só contribuem para o aprimoramento do tráfego, tendo em vista que um automóvel leva 1,4 pessoas enquanto um ônibus, 50 a 60 pessoas cada. Imagine se cada pessoa dessa precisasse de um veículo particular para se deslocar?”, ponderou o presidente do Setransp, Alberto Almeida.
Capitais e cidades brasileiras depositaram nas vias exclusivas para o transporte coletivo suas expectativas para iniciar o processo de uma melhor fluência do trânsito, e deu certo. As faixas para ônibus passaram a ser consideradas por especialistas em trânsito como sinônimo de mobilidade urbana, uma vez que distribui de forma justa as vias públicas favorecendo a maioria da população que tem o ônibus como principal veículo de tráfego cotidiano. Além de ainda contribuir também para com o meio ambiente, com a redução no consumo de combustível, e, consequentemente, na emissão de gases poluentes.
Passageiros confirmam
Quem usa ônibus sabe do benefício das faixas exclusivas. O trabalhador Marcos Luiz diz: “é uma melhoria sem dúvida. Eu chego mais cedo ao meu trabalho, levava quase 40 minutos para chegar ao (Conjunto) João Alves. Agora chego em 20 a 25 minutos dependendo do trânsito. O que falta é só cada um respeitar e fazer sua parte”, frisou ele. Já o carteiro Helder de Araújo vai além: “eu utilizo ônibus o dia todo, são muitos bairros percorridos e preciso manter a pontualidade. O trânsito sempre foi um empecilho para mim, mas com as faixas exclusivas isso mudou. Esse foi um passo certo para o transporte”.
Nota SMTT
Em nota, a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) frisou que estará entrando com um recurso contra a retirada das placas de identificação das faixas exclusivas e até a conclusão do processo a fiscalização quanto ao uso das vias destinadas a ônibus segue. Nota na íntegra:
“A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) confirma que foi notificada pela Justiça para que retire as faixas exclusivas para o transporte público existentes em Aracaju. O órgão recorrerá da decisão e esclarece que, enquanto o processo não for finalizado, a dinâmica de circulação de veículos nas faixas continua a mesma: permitidas aos sábados, domingos, feriados durante todo o dia; e das 20h da noite às 6h da manhã em dias úteis. O condutor que não respeitar estes horários está sujeito à multa de R$ 88,38 e três pontos na carteira. As faixas exclusivas reduziram o tempo de viagem dos veículos de transporte público e tem boa receptividade entre os usuários do serviço. A SMTT estuda como otimizar este recurso nas áreas onde elas já existem e aplicá-lo em outras vias da cidade. (Assessoria de Comunicação da SMTT).”
Da Ascom Setransp