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22 de março de 2011
Um esclarecedor debate sobre mobilidade, planejamento urbano, eficiência nos transportes públicos, educação no trânsito e soluções para o futuro da cidade. Assim foi o Cinform Convida, ocorrido na noite de ontem, dia 15, no auditório do jornal semanário. Os convidados dessa edição, que teve como tema ‘Trânsito e Transporte: o que fazer para fugir do caos’, foram o superintendente da SMTT Antônio Samarone, José Carlos Amâncio, superintendente do Setransp, o professor e coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tiradentes Ricardo Mascarello e Valdson Andrade, membro do movimento Ciclo Urbano.
A mediação ficou a cargo do diretor de jornalismo do Cinform Jozailto Lima que abriu o debate colocando em pauta a estratégica pergunta ‘Por que chegamos onde estamos?’. Posicionando-se a respeito, Antônio Samarone admitiu que Aracaju não foi preparada para manter a fluidez no trânsito com um grande volume de carros circulantes. No entanto, segundo ele, muitas cidades que tomaram tal precaução não estão livres de problemas dessa natureza atualmente. “Uma alternativa que o mundo inteiro está discutindo hoje é mesmo a priorização do transporte público”, disse o superintendente da SMTT.
Analisando a mesma questão, José Carlos Amâncio ressaltou que uma cidade que pretende ter uma convivência pacífica, não pode pensar em mobilidade somente pela ótica do veículo. “É plenamente possível pensar a cidade de um modo humano, funcional. Não acredito que o transporte público somente seja a solução. Um dos caminhos para repensar a cidade é criar formas de reverter o esvaziamento do Centro. Isso fará com que as pessoas morem mais próximas do trabalho, dispensando a necessidade de longos deslocamentos”, destacou ele.
Para Ricardo Mascarello, a palavra-chave é planejamento. “Culpo o crescimento desordenado, o esvaziamento do Centro, fazendo com que as pessoas morem cada vez mais distante, e o incentivo à compra do automóvel particular. Tudo isso colaborou para criar o quadro atual”, opinou. Valdson concorda que o problema no trânsito seja fruto de uma política pública favorável ao transporte particular. “A situação de caos foi provocada pela escolha do meio de transporte. Isso vai provocando outros problemas, como o esfacelamento das questões que envolvem o pedestre. É preciso configurar a cidade para todos, não apenas para o veículo”, frisou ele.
FUTURO
Indagado sobre o futuro da cidade, Amâncio chama a atenção para a importância de se fazer uma pesquisa de origem-destino a fim de que seja possível adequar o transporte público à demanda e à necessidade da população. “Engana-se quem pensa que a população não quer utilizar o transporte público. O ônibus é sim o grande impulsionador da cidade, mas é preciso haver um plano de desenvolvimento urbano, um planejamento técnico e funcional”, afirma o superintendente do Setransp.
RADARES
Ao lançar a pergunta ‘Encher a cidade de radares é justo ou desespero’, Jozailto Lima tocou em um assunto polêmico que tem pautado a imprensa sergipana nas últimas semanas. O primeiro a se posicionar sobre o tema foi o superintendente da SMTT. “A sociedade tem que decidir se quer transitar com segurança ou transformar as vias em pistas de corrida”, alfinetou Samarone. Prosseguindo em sua argumentação, ele ressaltou que, em Aracaju, não existe nenhuma via com característica de via rápida (fechada para ciclistas e pedestres, sem cruzamentos nem semáforos e, geralmente, em mão dupla). “Essa é uma discussão anticidadã. Os radares só incomodam aos infratores. Sua função é tentar reduzir a violência no trânsito e evitar que tantas pessoas morram ou se mutilem nas ruas”, defende ele.
Sobre o assunto, José Carlos Amâncio considera importantes os radares. No entanto, acredita que o ideal para o transporte público seja a sinalização inteligente. De acordo com ele, os quebra-molas dificultam a circulação dos ônibus – que já operam com velocidade crítica -, além de aumentar os custos com manutenção dos veículos. “O ideal seria trocá-los por lombadas eletrônicas”, sugere ele. Do mesmo modo, Ricardo apoia a imposição do limite de velocidade. O professor é favorável ao cumprimento da legislação de trânsito e aposta na fiscalização como caminho para educar os motoristas. No entanto, para Ricardo, a adoção de medidas alternativas como a aplicação de pisos diferenciados e sonorizadores, também podem gerar bons resultados.