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12 de fevereiro de 2014São Paulo pode ganhar ainda neste mês seu primeiro semáforo exclusivo para ônibus. Um projeto-piloto da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) prevê a instalação de um desses equipamentos na rua Clélia, na Lapa, zona oeste da capital paulista.
O aparelho, que abrirá dez segundos antes do sinal para os demais veículos, integra um tipo de concepção de trânsito ainda inédito na cidade, o chamado queue jump (fura-fila, em uma tradução livre do inglês).
O objetivo é diminuir o conflito com os carros, já que na rua Clélia os coletivos têm faixas exclusivas situadas em lados opostos, dependendo da altura da via. A partir do cruzamento com a Rua Crasso, a canaleta destinada só para os ônibus muda da direita para a esquerda. Com isso, os veículos são obrigados a fazer uma conversão à esquerda, disputando espaço com carros e motos.
Por isso, já teve acidente aqui, e muito motoqueiro xingando e até chutando os ônibus, porque eles não imaginam essa virada brusca, diz o distribuidor Walter Soares da Silva, de 56 anos, que costuma dirigir pela região.
De acordo com o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, motoristas e pedestres terão de ser preparados e orientados para o queue jump, a fim de se evitar acidentes – afinal, haverá dois tempos semafóricos na mesma esquina. A rua Clélia passará por uma reconfiguração: a faixa de ônibus à direita será ampliada em mais uma quadra, terminando na esquina da rua Tibério, onde será instalado o novo semáforo, que, para ser identificado, trará o epigrama de um ônibus visto de lado. No futuro, outros cruzamentos também poderão receber o sinal só para ônibus.
Deslocamentos
Contra eventuais críticas dos motoristas, Tatto afirmou que a medida facilitará os deslocamentos de todos os tipos de veículos. Esse tempo que, em tese, o usuário do carro acha que está perdendo, porque (o sinal) não abriu ao mesmo tempo, está, na verdade, ganhando, porque evita o entrelaçamento (com os ônibus), disse, após entrevista à Rádio Estadão, onde anunciou a novidade.
Para a aposentada Odete Aguiar, de 75 anos, que pegava ontem um ônibus na rua Clélia, a medida poderá ajudar, mas não será suficiente. É preciso multar carros que insistem em invadir as faixas, eles atrapalham mais, declarou. Já o eletrotécnico Pedro Henrique Carvalho da Silva, de 36 anos, acredita que os dez segundos são pouco tempo para os ônibus saírem na frente. Apenas uns dois ônibus vão conseguir avançar antes dos carros, disse.
Conflito
Em nota, a CET informou que, atualmente, os ônibus na rua Clélia percorrem cerca de 200 metros para conseguir fazer a transposição até a faixa da esquerda da via, mas, depois da mudança, os coletivos farão a transposição já na área do cruzamento, evitando o conflito com os demais veículos.
A empresa informou que já está enviando ao Conselho Nacional de Trânsito (Contran) detalhes do projeto, para a sua normatização, e que o tempo de dez segundos poderá ser alterado após uma análise in loco do mecanismo.