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As brigas de trânsito, quase sempre, são provocadas por motivos fúteis, mas podem levar a agressões físicas violentas e até mesmo resultar em morte. Há incompatibilidade entre os reais motivos e as sérias consequências daí advindas. Como pode um pacato cidadão, educado e reservado, de uma hora para outra transformar-se em um potencial assassino?

Em primeiro lugar, citamos alguns dados estatísticos pertinentes. Só na cidade de São Paulo são notificadas cerca de 70 brigas de trânsito por dia. Há uma chamada a cada 20 minutos. Em cerca de 50% dos casos há envolvimento de motociclistas. Um dado interessante: 4% da população tem a “síndrome do pavio curto”, também chamada cientificamente de transtorno explosivo intermitente (TEI). São pessoas de temperamento instável, abrupto, o qual se manifesta de tempos em tempos.

Geralmente pacatas, quando assumem o volante de um carro, trocam a pele de cordeiro pela de lobo, e se alguém atravessar à sua frente estará em apuros. Mas e quem é de paz e não quer entrar na guerra do trânsito? Como proceder? Eis algumas sujestões:

Aguarde o carro da frente arrancar em um semáforo de fechado para aberto; a impaciência do motorista do carro de trás pode ser um motivo de briga, se você buzinar incessantemente. Aguarde uns 3 segundos e, com certeza, o carro da frente arrancará. Ele pode estar com um problema mecânico ou ter “morrido” ao motorista arrancar. Tenha um pouco de paciência: perder 3 segundos não lhe trará muitos inconvenientes.

Não faça gestos obscenos no trânsito; eles podem ser outro motivo para briga. Se alguém mostrar o dedo médio em riste para você, responda com seu dedo polegar em riste, para cima. Isso desarmará seu algoz. Se você fez alguma manobra incorreta, peça desculpas com a mão, acenando ao outro amigavelmente, isso também o desarmará.

Despreze as ofensas verbais: não leve os xingamentos em consideração. Levante a mão em sinal de paz. Evite buzinar sem necessidade; a buzina irrita muito o outro motorista, pois indiretamente você o está culpando por alguma barbeiragem. Use-a o mínimo possível, só em casos de alerta.

Em caso de acidente, não tente evitar a fuga do outro motorista, pois isso pode trazer-lhe consequências funestas. É suficiente anotar a placa e as características básicas do outro carro, como marca, cor etc. Para registrar a ocorrência policial, aja com calma. Quando ligar para a polícia, não incrimine ostensivamente o outro motorista. Deixe que o policial anote todos os dados, verídicos e imaginários.

Não use o celular enquanto dirige. Esse hábito, além de ser uma infração, irrita os outros motoristas e pode ser motivo de agressão. Não namore enquanto dirige: além de causar ciúme nos outros motoristas você pode não prestar muita atenção no trânsito, cometendo alguma real barbeiragem. Deixe o namoro para quando parar o carro.

Cuidado com o relógio. Ao ter um compromisso inadiável com hora marcada, saia com bastante antecedência, levando em conta os eventuais engarrafamentos. Ao tirar o atraso no trânsito apressadamente, ganhará somente uns poucos minutos, e não vale o risco que você estará correndo.

Faça direção preventiva e pratique gentileza: procure ser obsequioso e obedeça às leis do trânsito. Em um engarrafamento ou em trânsito lento, nunca ultrapasse o carro da frente pela direita. Além de ser uma infração, é irritante, perigoso e desnecessário. Não acenda os faróis se o carro da frente for mais lento que o seu: se o motorista da frente for portador de TEI, o pé de briga já está formado. Seja paciente no trânsito e não se arrependerá. E, para completar, no trânsito também vale a máxima popular: dois não brigam quando um não quer.

 

Fonte: Conteúdo Livre- Folha de São Paulo.

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