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Seja sincero, você deixaria seu carro em casa para andar de ônibus se o transporte coletivo fosse realmente bom? Eu seria a primeira a optar por deixar o carro em casa. Se a qualidade do transporte melhorasse, diminuiria a quantidade de veículos nas ruas e o trânsito fluiria. É como acontece na Europa. Além disso, eu gastaria menos, não teria tanta despesa com gasolina. E não iria me estressar tanto, responde a autônoma Kassandra Santana, 22.

 

Por enquanto, é difícil trocar o conforto do ar-condicionado, de ouvir a sua música preferida e estar mais seguro, mesmo gastando mais, pelo aperto sufocante dos ônibus superlotados das 18 horas. Em países mais desenvolvidos, o transporte coletivo já funciona assim. Em outros estados do Brasil, como Curitiba, também.

 

Mas e aqui, onde já é de praxe o discurso de que a solução para o trânsito em Fortaleza é a melhora do transporte coletivo, essa cultura vai pegar? Para o coordenador do Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor), Daniel Lustosa, isso será realidade em 2010, com o término da execução do primeiro corredor do projeto, que liga os terminais Antônio Bezerra e Papicu.

 

A população vai começar a sentir o benefício. Com o passar do tempo e o aumento da frota, vai ficar bem mais interessante andar de transporte público. Dessa forma, a migração vai acontecer naturalmente.


A doutora em psicologia do trânsito, Gislene Macêdo, afirma que existe um pensamento cultural de projetar que, quem anda a pé, de bicicleta e ou de coletivo, são pessoas de baixa renda. Como a gente não quer se igualar, utilizamos esse argumento de que o transporte público é ruim. E cada vez que mais uma pessoa pensa assim, é mais um veículo que é colocado nas ruas.

 

 

O professor Mário Ângelo Azevedo, do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), ressalta que nunca uma cidade poderá ter um transporte público com conforto parecido com o automóvel, a não ser em países muito ricos. Mas que pode ficar melhor, pode.


Por mais que o conforto não seja o mesmo, andar de transporte coletivo traz uma grande vantagem: a despreocupação. Você pode ir lendo um livro, ouvindo uma música. Tudo sem se preocupar em estar atento ao trânsito.

 

Outra alternativa que também está sendo estudada é o transporte seletivo. Ele teria uma tarifa maior, mas com mais conforto. O que a gente quer é dar opções para o usuário. Só precisamos encontrar uma tarifa adequada para esse serviço, completa Ademar Gondim, presidente da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor).

 

Essa migração vai ocorrer conforme as pessoas vão comprovando que compensa mais andar de transporte público. O projeto final é integrar metrôs, ônibus e vans, afirma Ademar.

 

Mas para que as pessoas comecem a migrar, vai ser necessário todo um processo de conscientização. Segundo Daniel Lustosa, a cultura não vai pegar de uma hora para outra. Vai ser incorporado pela sociedade. Por enquanto, resta aos usuários imaginar o futuro distante e ideal.

 

A vendedora Cíntia Oliveira acredita, apesar de dez anos de promessas. A gente que anda de ônibus sofre. Espero que não passe de palavras. Porque disso, a gente já está cheio.

 

Fonte: O Povo, 26/11/2008 

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