Transporte público: solução para direito coletivo à mobilidade

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“Quando você constrói ou transforma uma cidade, deve ter em mente que suas consequências não vão repercutir apenas por cinco anos, mas por séculos”, é o que afirma o astrofísico do prêmio Nobel, Brian Schmidt. Uma cidade mais humana, menos desigual e com mobilidade urbana. Este é o discurso de dez em cada dez prefeitos em época de campanha. Mas como agir sobre uma cidade para que palavras se tornem ações efetivas? A receita é conhecida: aproximar a moradia do emprego, estimular a substituição do carro por modos mais limpos e coletivos, incentivar o adensamento populacional junto aos eixos de transporte coletivo de massa, levar mais emprego às periferias, diminuindo assim a necessidade de longas viagens.

 

O problema é que as dificuldades geralmente superam de longe as vontades. A começar do sistema federalista brasileiro, que transforma os prefeitos em meros executores de políticas federais. Um exemplo típico e recente é o da política habitacional. Não é de hoje que projetos de construção de habitação popular se dão de maneira isolada, sem dialogar nem com as famílias-alvo nem com a cidade. Cabe ao morador o ônus do transporte caro e demorado; ao governo, a expansão dos serviços (ou, o mais provável, a não prestação dos serviços, mesmo o de segurança). À sociedade fica o ônus da formação de guetos, escreve o arquiteto Sérgio Magalhães.

 

O sistema de transporte coletivo, foco de reclamações e demandas históricas, acaba se tornando vítima antes de conseguir se tornar solução: vítima da violência em bairros degradados, que ocasionam a queima de ônibus; vítima da separação emprego-trabalho numa cidade espalhada, que produz longas viagens e reduz o tempo útil e produtivo do cidadão, obrigado a morar cada vez mais longe. Como financiar, assim, o altíssimo custo do transporte metropolitano? A lista de entraves – problemas à espera de solução – é extensa e complexa. 

 

Planos diretores realistas e integrados a Planos de Mobilidade Urbana que disciplinem a construção imobiliária; enfrentamento dos interesses dos donos de automóveis; a convivência pacífica e integrada de diferentes modos de transporte, como vias exclusivas para bicicletas e ônibus; a recuperação do espaço urbano, democratizando-o e estimulando a mobilidade a pé… A recuperação da cidade, como se vê, passa por uma série de barreiras que precisam ser superadas. O transporte público, antes de vítima, precisa ser visto como parte da boa solução. E é preciso que se enxergue a mobilidade das pessoas como fator essencial de produtividade e sustentabilidade de uma cidade. A discussão trazida neste texto é uma reflexão da Associação Nacional das Empresas de Transporte (NTU). 

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