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Coordenador dos trabalhos técnicos do “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, o consultor Carlos Monte explica que a mobilidade urbana pode melhorar sem que seja necessária a redução das atividades da indústria automobilística. Deixar o carro em casa e usá-lo para pequenos deslocamentos próximos à residência seriam consequências naturais de um melhor serviço de transporte público. Leia, a seguir, entrevista, por e-mail, do consultor ao site do SEESP.
SEESP – Recentemente, em audiência pública no Senado, especialistas disseram que o País está na contramão da mobilidade urbana. Destacaram que ao mesmo tempo em que o Brasil incentiva a indústria automotiva, portanto estimula o transporte individual, não tem uma política de transporte público urbano. Como se cria uma sinergia entre interesses econômicos e interesses da sociedade nessa questão?
Carlos Monte – A adoção do BRT [Bus Rapid Transit, na sigla em inglês], ou do VLT [Veículo Leve sobre Trilhos], a criação de corredores exclusivos para o transporte coletivo e a expansão dos metrôs e das linhas de trens urbanos são medidas que estimulam o uso do transporte coletivo pela população, reduzindo o uso do veículo individual nos dias de trabalho. O veículo particular ficaria para atender aos pequenos deslocamentos próximos à residência ou utilizados por usuários que se deslocam no contrafluxo do trânsito principal.
SEESP – Como desvincular os interesses econômicos no caso da mobilidade urbana? A Lei 12.587 ajudará nisso?
Carlos Monte – Sim, a lei pode ajudar, mas são campanhas de esclarecimento público e, sobretudo, melhores serviços de transporte público que trarão consequências mais positivas.
SEESP – Como desmontar a cultura de que o transporte individual é melhor entre os brasileiros?
Carlos Monte – Oferecendo transporte de boa qualidade, rápido e, se possível, barato, para diminuir os tempos de deslocamento dos cidadãos nos circuitos de casa para trabalho e vice-versa.
SEESP – O projeto Cresce Brasil faz importante observação que ao substituir o conceito de transporte pelo do da mobilidade, se criou o foco no direito e não mais no sistema. Até que ponto isso tem mudado a visão de governos e sociedade?
Carlos Monte – A visão dos governos e da sociedade tem se alterado significativamente nos últimos anos, mostrando que o conceito expresso no Cresce Brasil está correto.
SEESP – O quanto o Brasil está na contramão da mobilidade urbana com relação a outros países? Quem hoje, no mundo, pode ser um exemplo nesse assunto?
Carlos Monte – De um modo geral, o melhor exemplo vem dos países mais desenvolvidos, com ênfase nos estados escandinavos, no Canadá, no interior dos Estados Unidos e na Inglaterra, cujas concentrações populacionais são relativamente baixas e cujo nível de educação cidadã é elevado.
Fonte: SEESP