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8 de setembro de 2010
“Os corredores de ônibus constituem alternativa viável e qualificada para política pública que há muitos anos vem privilegiando os automóveis”, disse o coordenador nacional do MDT, Nazareno Affonso, que, representando o Escritório da ANTP em Brasília, participou, em 7 de julho de 2010, na Câmara Federal, de audiência pública convocada pela Comissão de Viação e Transporte para discutir os Sistemas de Transporte Rápido Por Ônibus.
A idéia dos organizadores da sessão foi debater as perspectivas dos corredores de ônibus (ou ‘Bus Rapid Transit –BRT’, como são conhecidos internacionalmente) como alternativa para o transporte em nove cidades-sede da Copa de 2014. Também opinaram na sessão o deputado federal Mauro Lopes; o diretor-superintendente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Marcos Bicalho dos Santos, e o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus), José Fernandes Martins.
Alternativa viável e de qualidade. Segundo divulgou a Agência Câmara, Nazareno disse no encontro que, com a instalação dos BRTs nas cidades que serão sedes da Copa do Mundo de 2014, será possível mostrar à sociedade brasileira que há uma alternativa viável e qualificada à política do automóvel, que aponta como uma política injusta, baseada num modelo cultural que associa o carro a status social. Ele salientou que a tal política tem legitimidade social, exatamente porque todos querem um carro, já que ser proprietário de uma automóvel é entendido como fator que amplia o status social de uma pessoa. O pensamento é: ‘se eu tiver um carro, deixarei de ser um cidadão de segunda classe!’.
O dirigente disse que a ANTP tem buscado demonstrar que a política de favorecimento do automóvel é enganosa, pois, se todo brasileiro tivesse um carro, ninguém, de fato, teria esse tipo de veículo, porque, simplesmente, ninguém conseguiria sair de casa, já que as ruas estariam completamente congestionadas. Além disso, o custo da infraestrutura para favorecer o automóvel particular é muito alto e não há como arcar com novos investimentos em ruas, avenidas, viadutos e outros equipamentos somente para acompanhar o crescimento da frota às taxas que têm sido observadas no País. Outro aspecto salientado é que, com frequência, o governo abre mão de parte significativa da arrecadação para favorecer as vendas de automóveis, o que amplia os congestionamentos, o número e a quantidade de vítimas dos acidentes e a poluição.
Oportunidades e desafios. Em diversas ocasiões, Nazareno Affonso tem afirmado que o futuro da mobilidade sustentável apresenta oportunidades e desafios. Quanto às oportunidades, defendeu cinco pontos. Um deles é que haja um esforço para que os automóveis possam ser integrados aos sistemas estruturais de transporte público, fazendo apenas viagens mais curtas dentro da cidade.
“É importante ver que a Copa de 2014 terá foco nos sistemas estruturais de transporte público e o PAC-2 estabelece R$ 18 bilhões em empréstimos para esses sistemas. Então, estamos prontos para pelo menos iniciar uma trajetória nessa direção. E podemos fazer crescer a consciência sobre o fato de que não há solução para congestionamentos que não seja a redução significativa do número de automóveis nas ruas, com a disseminação do hábito de haver deslocamentos com o transporte público ou modos de transporte não motorizados”, disse. Ele defende também que o apoio à implantação de novos sistemas estruturais não se restrinja às cidades que serão sedes dos jogos, mas também a outros grandes e médios centros que necessitam desse tipo de solução.
Quanto aos desafios, enumera sete. Diz ser necessário passar logo para a implementação dos investimentos hoje planejados, e que o poder público e os empresários se capacitem para operar bem os sistemas. É preciso fazer com que a sociedade civil organizada se envolva na elaboração e monitoramento dos investimentos, é preciso garantir transparência dos investimentos e da gestão, e promover a informação adequada a respeito do serviços prestados aos usuários. Definitivamente, devemos pensar a mobilidade como um todo, e isso inclui pedestres, bicicletas, automóveis e transporte público e a garantia da acessibilidade universal”.
Outros pontos. Depois de frisar que os corredores exclusivos de ônibus permitem maior velocidade operacional do transporte, com ganhos de tempo para os usuários, e também com redução de custos para as operadoras, disse que esse tipo de solução para o deslocamento urbano favorece a redução das tarifas, estabelecendo, assim, mais uma vantagem para os segmentos da população que não têm outra alternativa que não o transporte público.
Nazareno criticou o peso das gratuidades sobre o custo das tarifas, sublinhando que o usuário não pode ser obrigado a fazer filantropia, pagando do próprios bolso as políticas sociais instituídas pelos governos. Salientou que gratuidades integrais para idosos ou pessoas portadora de deficiências, bem como a meia passagem para os estudantes são medidas justas; porém, é injusto que esses benefícios sejam totalmente pagos pelos usuários. Sem o peso das gratuidades, a tarifas deverão ficar 20% mais baratas. Sobre esse tema, o deputado Mauro Lopes afirmou que o Congresso discute um projeto visando reduzir impostos setor de transportes públicos.
DEFESA DOS CORREDORES DE ÔNIBUS
O deputado Mauro Lopes também defendeu os corredores de ônibus, assinalando tratar-se de uma solução rápida para reduzir o congestionamento das grandes cidades. O trabalhador tem que chegar ao destino dele, chegar ao local de trabalho. Ele não pode ficar no congestionamento. Às vezes tem o seu automóvel, mas ele não tem como, não tem mobilidade, não tem como sair. E, com os corredores específicos, com as vias específicas, para você ter uma ideia, o ônibus articulado, com três módulos, ele transporta o equivalente a 127 automóveis.
O diretor-superintendente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, Marcos Bicalho dos Santos, citou algumas vantagens do BRT, como o conforto, a agilidade e a segurança. Segundo ele, um ônibus biarticulados podem transportar até 270 passageiros, que embarcam em estações fechadas. As faixas exclusivas garantem maior velocidade operacional, e o sistema de controle permite o acompanhamento, em tempo real, do horário de chegada dos ônibus.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus, José Fernandes Martins, afirmou que esse sistema só vai reduzir os congestionamentos se for integrado a outras modalidades de transporte. Para ele, se o usuário não conseguir chegar à estação do BRT, vai pegar o carro de qualquer forma. Martins declarou que os fabricantes de ônibus no Brasil têm capacidade de atender à demanda do BRT e lembrou que o País é o terceiro maior fabricante de ônibus do mundo, atrás apenas da China e da Índia.
Fonte: Boletim Informativo MDT