SETRANSP implanta ginástica laboral
11 de maio de 2010
“Não disse que licitação é engodo”
19 de maio de 2010
SETRANSP implanta ginástica laboral
11 de maio de 2010
“Não disse que licitação é engodo”
19 de maio de 2010

Alargar vias e investir pura e simplesmente em infraestrutura, como solução para os congestionamentos e o caos urbanos, corresponde à ação de afrouxar o cinto no caso da obesidade. É assim que a professora chefe do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Nadja Dutra Montenegro, responde à indagação de que as obras propostas até 2014 serão suficientes para resolver o problema da mobilidade urbana na Cidade.

Para mim esta frase já virou um mantra, diz. Ela destaca a importância de investir em transporte coletivo de qualidade e também obedecer à legislação vigente quanto ao devido uso do solo. Isso significa que não deveria ser permitido a construção ou mudança de uso de equipamentos a toda hora, como acontece, desrespeitando a Lei de Uso e Ocupação do Solo, por conseguinte, o plano diretor da cidade de Fortaleza, pontua.

Nadja Montenegro sugere que, sempre que for proposta a mudança ou a construção de um novo equipamento, devem ser considerados os impactos de área e no seu entorno, já imputando aos interessados as medidas necessárias ao bom funcionamento do sistema viário. Deve-se pensar na operação do sistema como um todo, respeitando os usuários, as vias, os veículos e a regulação/gestão.

A especialista pontua que, pela própria dinâmica da cidade, nada poderia ser considerado pleno e ressalta que projetos estruturantes, como metrô e terminais de transportes requerem pesquisas. Por outro lado, não é possível dizer que os projetos serão natimortos. Teríamos de investigar a atual situação dos desejos de deslocamento da população, explica.

Conforme a professora, sem esse conhecimento, tudo o que vier pode não surtir o efeito desejado. Ou quem sabe, ainda piorar o que já não está bom. Chama a atenção para um detalhe importante: o dinamismo das cidades. Assim, projetos antigos como o do metrô pode chegar defasado.

O coordenador do Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor), Daniel Lustosa, reconhece que a cidade já está sentindo os efeitos da falta de mobilidade. A frota está aumentando demais, muito rápido, e a nossa estrutura não consegue acompanhar essa velocidade, reconhece.


Prioridade

Lustosa afirma que tanto do programa quanto das obras incluídas no Plano Sistêmico da Copa trabalham com o conceito de priorizar o transporte público. Essa prioridade, considera, é fundamental para melhorar a mobilidade urbana e inverter a tendência de preferência pelo transporte particular.

Quando a população passa a ver uma oferta interessante de serviços, conforto, segurança e, por outro lado, o stress maior [de dirigir], aliado a consciência ambiental, começa a deixar o seu carro em casa, acredita.

Para a a mestre em Desenvolvimento Urbano e professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza (Unifor), Carla Camila Girão Albuquerque, como instrumento essencial do planejamento urbano, os planos diretores municipais têm existido quase que somente na teoria, no discurso.

No caso brasileiro e fortalezense, os projetos urbanos surgem como intervenções pontuais no contexto da cidade a partir do reconhecimento de oportunidades entre elas os eventos de visibilidade mundial que têm a capacidade de desencadear vultosos investimentos.

A arquiteta lembra que outros países usaram estratégias como reabilitar áreas portuárias e revitalizar centros urbanos. Essas obras têm afetado a configuração formal da cidade e as perspectivas de desenvolvimento de fato.

 

Fonte: Diário do Nordeste

Comments are closed.

Pular para o conteúdo