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5 de setembro de 2007Lançamento do cartão Mais Aracaju estudante acontece hoje
11 de setembro de 2007A questão do barateamento das tarifas do transporte coletivo está na agenda do poder público, das empresas e da sociedade de todo país desde o início desta década. O assunto entrou em pauta, a partir do ano 2002, quando foi divulgada uma pesquisa realizada pelo Instituto de Desenvolvimento e Informação em Transporte – Itrans – comprovando a forte relação entre o alto preço das tarifas e a exclusão social de uma significativa parcela da população.
Uma pesquisa da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos – NTU -, realizada em 2005 e 2006, apontou que 14% dos entrevistados deixaram de usar o sistema de transporte público. Desses, a maioria, 28%, pertence à classe C. Os dados mostram que as pessoas de baixa renda, exatamente as que mais dependem dos transporte coletivo para se locomover nas cidades,
deixaram de ter acesso ao serviço.
A constatação fez surgirem várias idéias para diminuir o preço da passagem de ônibus. Algumas, inclusive, já chegaram a ser implantadas por iniciativa de prefeituras e governos estaduais, a exemplo da desoneração dos tributos municipais (ISS – Imposto sobre serviços de qualquer natureza), incidentes sobre o serviço, e estaduais (ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), incidentes sobre o óleo diesel.
Há ainda a proposta de redução dos tributos federais, como O Programa de Integração Social – PIS -, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins – e Contribuição da Intervenção no Domínio Econômico – Cide – e da mudança na forma de cálculo da contribuição das empresas ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS -, que hoje incide sobre a folha de pagamentos e passaria a ser calculada sobre o faturamento, diminuindo o valor a ser pago. Por ser o setor um grande empregador, essa medida teria um impacto significativo.
Outro peso significativo na redução das tarifas seria a cobertura, pelo Governo Federal, dos valores que deixam de ser pagos pelos idosos e estudantes que têm gratuidade total ou parcial. Atualmente, o custo dessas gratuidades, em geral, é bancado pelos outros usuários do serviço, o que acaba encarecendo a tarifa.
Em 2006, o Governo Federal fez uma contraproposta com uma linha bem diferente. Deixou de lado as reduções de tributos, sob a alegação de que havia o risco de que elas não fossem repassadas para as tarifas, e criou um programa estruturado em quatro pontos centrais. O primeiro seria uma mudança institucional, com a criação de um marco regulatório para o setor, ou seja,
as regras gerais com diretrizes para as políticas municipais de transporte.
O segundo ponto seria a criação de linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES – para reestruturação da capacidade de gestão dos órgãos municipais. O terceiro ponto previa a aplicação de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS ? em infra-estrutura para o setor: corredores de ônibus e terminais de integração, por exemplo.
O quarto ponto seria a criação de uma subvenção econômica paga pela União aos municípios que se comprometessem a adotar medidas para melhoria do serviço e a reduzir as tarifas. O valor da subvenção ficaria em torno de R$ 600 milhões ao ano. Mas, desde o anúncio dessa proposta, o governo não voltou a se pronunciar sobre o tema.
No Congresso Nacional, porém, o movimento avançou um pouco mais. O deputado Jackson Barreto apresentou, em novembro do ano passado, um projeto de lei que estabelece que toda gratuidade deve ter uma fonte de custeio extratarifária. Propõe que a gratuidade dos idosos, uma das mais expressivas, seja custeada pelo Fundo Nacional do Idoso, previsto no Estatuto do Idoso. Também tramitam no Congresso uma proposta de emenda constitucional e um projeto de lei, ambos de autoria do deputado Gustavo Fruet, que tratam da isenção de tributos para o setor.
No início deste ano, representantes do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Transporte Urbano e Trânsito entregaram a assessores diretos do Presidente da República a Carta de Brasília, documento que solicita a revisão das legislações federais, estaduais e municipais relacionadas às gratuidades. Até o momento, o Governo Federal não se posicionou a respeito.
Enquanto isso, os Estados do Amazonas, Goiás, Tocantis, Bahia e Pernambuco já possuem decretos ou leis que reduzem a alíquota ou a base de cálculo do ICMS sobre o combustível. Cidades como Salvador, Florianópolis, Manaus, Belo Horizonte, Maringá e Fortaleza, além do Distrito Federal tomaram iniciativas semelhantes em relação ao ISS sobre os serviços.