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4 de dezembro de 2013Câmara aprova transporte como direito social
5 de dezembro de 2013A prioridade ao transporte coletivo sempre foi debatida por técnicos e esteve na pauta dos discursos políticos, porém, sem muitos resultados concretos, já que a política de incentivo ao uso do automóvel sempre foi mais forte.
O que presenciamos nos últimos anos foi a facilidade de crédito para financiamento do carro próprio, bem como a contenção no preço dos combustíveis. Todas essas medidas voltadas para o uso do carro individual provocou um crescente aumento dos congestionamentos nas cidades e com eles a saturação do sistema viário.
No meio desse caos urbano as condições de circulação do transporte coletivo ficaram ainda piores. Os usuários passaram a esperar mais tempo pelos ônibus e a gastar mais tempo dentro deles. Como consequência, a realidade é que há, na grande maioria dos centros urbanos, a necessidade de mais ônibus para transportar a mesma quantidade de passageiros. O que significa um aumento constante do custo operacional, já que quanto maior o tempo de viagem, mais ônibus, combustíveis, peças de reposição e mão de obra são necessários.
Não é raro nos depararmos com filas de ônibus no meio dos congestionamentos e com passageiros, por vezes, descendo e andando a pé. Normalmente, a solicitação por mais ônibus como alternativa
de solução para esse cenário foi discurso usado por usuários e reportagens. Mas o clamor das ruas quebrou essa rotina e além de se manifestar contra o preço da tarifa, a população também pediu a melhoria da qualidade dos serviços de transporte. Algo que precisa ser feito de maneira rápida.
Em São Paulo, a implantação de mais de 200 quilômetros de faixas exclusivas em poucos meses foi a principal medida adotada pelos técnicos da Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito (SMT), da São
Paulo Transporte S.A. (SPTrans) e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). E o que se pode constatar é que houve melhora imediata no desempenho operacional da frota – comprovado pelo controle operacional das operadoras de ônibus da cidade.
O aumento da velocidade, porém, não foi o principal ganho dessa iniciativa. O que pode ser comprovado por meio de pesquisas é que os usuários estão mais satisfeitos com a melhoria da qualidade do serviço e as autoridades estão dando mais prioridade ao transporte coletivo.
A ONG “Rede Nossa São Paulo”, por intermédio do Ibope, obteve um índice de 93% de aprovação pelos usuários em relação à implantação das faixas exclusivas de transporte coletivo e de 86% de aprovação
pelos usuários do transporte individual. Outro levantamento realizado na mesma época pelo Datafolha obteve 88% de aprovação entre os usuários do transporte coletivo e 77% de aprovação entre os usuários
do transporte individual.
A prática é simples, rápida e barata. As faixas exclusivas de São Paulo vieram para comprovar que é possível fazer. É com base nessa experiência e de outras cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e Goiânia, entre outras, que a medida merece ser estendida a outras grandes cidades.
A iniciativa chega em bom momento e é louvável, mas necessita da vontade política e de outras ações mais permanentes e complementares para que os ganhos obtidos com as faixas exclusivas não se percam ao longo do tempo e que a priorização ao transporte coletivo venha para ficar e não seja apenas uma solução paliativa para a mobilidade nas cidades.
Fonte: Revista NTU Urbano