Estudo conclui que transporte coletivo não aumenta casos da covid-19

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Levantamento identificou que não há relação entre o número de passageiros transportados e o aumento de casos de contaminação

Via Carlos Texeira para a CNT

Desde o início da pandemia, a falta de informações conclusivas e de fontes de pesquisas seguras trouxe medo para os usuários do transporte coletivo. Novos estudos e novas evidências começam a desmistificar a ideia de que ônibus são um local de contágio maior do que outros ambientes. Nesta quarta-feira (16), foi divulgado o estudo “Análise da Evolução das Viagens de Passageiros por Ônibus e dos Casos Confirmados da Covid-19”, realizado pela NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos). O levantamento concluiu que não há indicação de que o aumento do número de passageiros transportados esteja relacionado ao crescimento do número de casos da doença. O estudo foi feito a partir da análise de dados do número de passageiros em 15 sistemas de transportes públicos urbanos por ônibus no Brasil, que correspondem a 171 municípios, e a ocorrência de casos da covid-19 confirmados nas cidades.

O setor de transporte público sofre muito devido à falta de informações corretas. Ele ficou sendo visto como um local de alto risco, por isso fizemos a pesquisa. Ela mostra que o sistema possui segurança. As empresas atuam com protocolo de segurança e saúde, como a higienização dos ônibus, o uso de máscara, janelas abertas e a informação certa de como se transmite a doença”, diz o presidente da NTU, Otávio Cunha. Ele esclarece, ainda, que o estudo foi submetido a três profissionais da área da medicina, que atestaram a veracidade dos dados. Segundo Cunha, outros estudos estão em desenvolvimento. “Continuamos fazendo pesquisas nos mesmos sistemas, para vermos a evolução e para termos mais segurança e tranquilidade. Ultrapassamos a fase mais crítica e estamos iniciando a retomada das atividades. Vamos informar os usuários corretamente. Para isso, precisamos da ajuda de todos, da imprensa ao poder público.”

 

Foram considerados 255 registros de informações dos sistemas de transporte público coletivo. A análise foi feita comparando-se os registros confirmados da covid-19 nas cidades, observados sete dias após a demanda transportada – em caso de contaminação do passageiro durante a viagem. Esse seria o prazo médio entre a eventual infecção e a detecção da contaminação por testes. Não foi constatada a associação entre o número de passageiros transportados por ônibus e o aumento do número de casos. Em algumas cidades, o aumento da demanda por transporte coincidiu com a redução do número de casos confirmados. Já em outras, a diminuição de passageiros aconteceu ao mesmo tempo que os casos. Em Teresina (PI), por exemplo, onde as viagens sofreram forte queda nas sete primeiras semanas, foi observado um aumento de pessoas com diagnóstico da doença, sendo que, no período de 15 de maio a 6 de julho, houve greve dos rodoviários.

“Buscamos responder, de uma forma técnica e imparcial, a perguntas sobre o transporte coletivo, para que os usuários possam se sentir seguros. Por meio do estudo, podemos afirmar que o uso do transporte e o aumento de casos não pode ser comprovado. O risco que se mostra dentro do transporte público é o mesmo que em outros ambientes onde está mais de uma pessoa em um espaço”, diz o diretor técnico da NTU, André Dantas. Sobre as dificuldades em cidades onde os coletivos andam com superlotação, que causa a falta de distanciamento, André Dantas cita que as “evidências científicas mostram que o uso de máscaras por todos, mesmo onde exista uma superlotação, além dos cuidados das empresas, pode diminuir drasticamente o contágio”.

Os 15 sistemas analisados são responsáveis por 325 milhões de viagens de passageiros por mês ou por 13 milhões de deslocamentos diários de pessoas. Os dados foram gerados por meio da variação da demanda por transporte, calculada pela NTU, e dos dados do SUS (Sistema Único de Saúde) por 17 semanas, entre as semanas epidemiológicas 14 e 30, de 29 de março a 25 de julho de 2020. Os registros do SUS foram colocados em semanas epidemiológicas para que fossem feitos os mesmos referenciais às demandas de viagens realizadas por passageiros no transporte público por ônibus.

 

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