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Parte dos motoristas da capital ainda vê as bicicletas como equipamentos de lazer e, por esse motivo, acredita que deveriam circular exclusivamente em parques ou segregadas em ciclovias. Muitos reclamam do despreparo dos ciclistas para o trânsito e até mesmo da atitude arrogante de alguns.“Já fui batido por outro veículo porque desviei para não atingir o ciclista. Sabe o que eles fazem? Vão embora dando risada”, queixa-se o taxista Mauricio Neto, de 54 anos, que faz ponto na esquina das Ruas Rafael de Barros, com a Alameda Santos.
“Ciclista tem de usar a bicicleta para o lazer e não como meio de transporte. Não tem cabimento se deslocarem em meio aos carros. Têm de ir para as ciclovias. A cidade não tem estrutura para bicicletas, foi feita para os carros”, diz o corretor de valores Paulo Cortez Toscano, de 61 anos, morador de Higienópolis, no centro.
Para Toscano, nem nas calçadas elas deveriam circular. “Já levei cada susto. É um perigo provocarem acidentes”, diz. Na opinião dele, a Prefeitura deveria fazer pesquisas para saber se a população concorda com o fechamento de ruas aos domingos e feriados para dar espaço às ciclofaixas. “É um transtorno ter de ficar mudando caminhos, desviando rotas.”
Desde segunda-feira, o Jornal da Tarde publica uma série de reportagens sobre a bicicleta como meio de transporte em São Paulo.
O motorista de ônibus Eusdi Pereira, de 43 anos, que trabalha na linha Terminal Bandeira/Terminal Capelinha, reclama que os ciclistas invadem o corredor. “O corredor é exclusivo para os ônibus, eles não podem trafegar ali. A via não está preparada para isso”, afirma. Para ele, os ciclistas deveriam escolher vias com tráfego menor ou ficarem nas ciclovias.
“No meio das ruas, eles (os ciclistas) entram na frente da gente e não querem nem saber. Se impõem mesmo”, concorda Eduardo da Silva Soares, de 41 anos, colega de profissão de Pereira, que faz a linha Santa Cruz/Jardim Ângela. “Se ficassem confinados em uma via específica, a segurança seria maior para eles e para nós.”
Também motorista de ônibus, Valdez Santos, de 40 anos, que trabalha na mesma linha que Soares, acredita que é sua a responsabilidade zelar pelos ciclistas. “Dirigindo um monstro destes (um biarticulado) entendo que os maiores é que têm de cuidar dos menores no trânsito. O Código (de Trânsito Brasileiro) diz isso.”
Outra crítica é a falta de equipamentos de segurança para os ciclistas e mesmo nas bicicletas. “Vira e mexe a gente se assusta com um ciclista sem iluminação à noite cortando a saída do ponto”, comenta Geovani Bruno Pereira Lima, taxista da Avenida Domingos de Moraes, na zona sul.
Já o taxista Marco Aurélio dos Santos, de 28 anos, acusa os ciclistas de serem imprudentes. “O problema é que o ciclista quer se comportar como se estivesse em uma moto, andando em meio aos carros. Se trafegassem apenas nas laterais, não haveria tantos acidentes. Como é que vamos desviar 1,5 metro deles se há pistas em que isso não é possível por ser apertada demais?”, questiona.
O taxista Mauricio Neto, de 54 anos, – que reclamou da ironia dos ciclistas no início desta reportagem – é inflexível. “São piores que motoqueiros. Vêm para cima, não respeitam faixa de pedestre, farol, preferencial. Entram na frente dos carros sem sinalizar.”
O cicloativista Daniel Labadia, secretário-geral do Instituto CicloBR, diz que os ciclistas devem conhecer o Código de Trânsito Brasileiro para enfrentar as ruas da capital, mas joga a maior responsabilidade para os motoristas. “O ciclista precisa estar atento às normas do trânsito, mas a gente precisa começar educando os motoristas. Existe uma hierarquia que precisa ser seguida. O caminhão protege o carro, o carro precisa proteger o ciclista, e o ciclista o pedestre. É do mais forte para o mais frágil. A segurança tem que vir de cima para baixo.”
Fonte: Jornal da Tarde