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8 de junho de 2011
* Marcelo Cardinale Branco
A criação de soluções para maior equilíbrio e proteção ambiental e aumento da mobilidade urbana é o principal desafio que metrópoles de todo o mundo precisam enfrentar em curtíssimo prazo. Este é o propósito da 4ª Conferência sobre Mudanças Climáticas de Prefeitos da Rede C40, que desde 1° de junho reúne, em São Paulo, 40 das maiores cidades do mundo, além de 19 afiliadas, que têm programas sobre o tema. Alternativas energéticas, financiamento sustentável e saúde pública são temas que serão abordados por especialistas e gestores até o dia 3.
O Brasil, representado pelas cidades-membros São Paulo e Rio de Janeiro e pela afiliada Curitiba, contribui em vários painéis e mesas-redondas. Entre os temas em que essas cidades trabalham está o transporte urbano e a poluição atmosférica. Em São Paulo, 90% da poluição atmosférica vêm de veículos. Duas grandes diretrizes devem ser pensadas quando se deseja mitigar esse problema: mudar a matriz energética poluidora dos veículos e ampliar a mobilidade, com consequente aproveitamento energético mais eficiente.
Em São Paulo, além da Lei Municipal de Mudanças Climáticas (14.933/09), a cidade conta com o PCPV – Plano de Controle de Poluição Veicular, instrumento que fixa diretrizes e reforça as ações nessa direção. As suas linhas básicas de atuação são: mudanças de infraestrutura, restrições de tráfego, priorização do transporte coletivo, utilização de novas tecnologias limpas e inspeção veicular.
Facilitar a fluidez tem relação direta com a questão ambiental. O aumento da velocidade média diminui o consumo e a emissão. No trânsito paulistano, um ônibus fora de corredor anda em média a 12km/h. Se estiver em um corredor seletivo, a velocidade média sobe para 20km/h, possibilitando a diminuição do consumo em 20% e a emissão de poluentes em 40%. A cidade busca, por diversos projetos e intervenções, aumentar a velocidade comercial do transporte público.
No entanto, hoje, na cidade de São Paulo, 45% dos deslocamentos motorizados são realizados por transporte individual. Costume que precisa mudar. Enquanto 127 carros de passeio transportam em média 190 pessoas, dois ônibus comuns ou um biarticulado conseguem transportar o mesmo número de usuários ocupando muito menos espaço nas vias. Por isso, a priorização do transporte coletivo é a linha-mestra para novas ações. Somado a isso, até 2012 serão investidos pela prefeitura de São Paulo R$2 bilhões em metrô, em parceria com o estado.
A Lei Municipal de Mudanças Climáticas prevê que toda a frota de ônibus da cidade esteja utilizando combustíveis renováveis até 2018. Por isso, foi criado o programa Ecofrota. Desde fevereiro de 2011, 1.200 ônibus circulam com B20, diminuindo em 22% a emissão de material particulado e 20% de gás carbônico (CO2) de origem fóssil. Além disso, 50 novos ônibus a etanol estão entrando em circulação. Eles reduzem em 90% a emissão de material particulado, em 64% de NOx (óxido de nitrogênio) e em 80% de CO2 de origem fóssil. E testes estão sendo feitos com veículos híbridos (movidos a diesel e eletricidade) e com biodiesel de cana-de-açúcar.
A prefeitura prepara a renovação da infraestrutura e da frota de trólebus, sistema que é extremamente eficiente sob o ponto de vista ambiental e energético. Enquanto um ônibus a diesel tem uma eficiência energética de cerca de 30% (um desperdício de dois terços da energia), num trólebus ela pode chegar a 90%. São Paulo investe ainda na prevenção da poluição gerada pelos carros particulares. O programa de Inspeção Veicular, criado pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, obriga os proprietários a manter seu carro regulado, diminuindo as emissões de gases poluentes.
O que está em jogo é a sobrevivência do planeta, independentemente de fronteiras e de correntes políticas. E o C40 surge como oportunidade única para a troca de experiências entre as megacidades. Nesse cenário, São Paulo já tem resultados para enriquecer a discussão.
Fonte: O GLOBO
* Marcelo Cardinale Branco é secretário municipal de Transportes de São Paulo.