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São notórios e crescentes os problemas relativos ao transporte e mobilidade nas grandes cidades, que desafiam especialistas e estudiosos. As soluções para tal problemática foram apontadas durante os debates da 10ª Conferência das Cidades, que este ano teve como tema a mobilidade urbana.

Segundo os técnicos, a melhoria da mobilidade nas cidades brasileiras passa pela concepção do centro urbano, por uma boa gestão do sistema de transporte público e também pelo envolvimento de toda a sociedade, até mesmo das pessoas que não abrem mão do carro particular.

Sobre o contexto do termo mobilidade – relacionado a transportes -, cabe destacar que a organização do uso do solo, do transporte urbano e do trânsito têm impacto direto nas escolhas dos modos de deslocamento e ocupação do espaço urbano. O sistema de transporte surge para dar mobilidade aos indivíduos em função da necessidade de integração dos mesmos com as diferentes atividades que são definidas pelo uso e ocupação do solo.

Dessa forma, se estabelece uma relação estreita entre estratégias e políticas de transporte e uso do solo, análise bastante enfatizada por diferentes pesquisadores, e que compreende, de forma simplificada, um círculo vicioso que envolve o uso do solo, o intercâmbio de atividades, a mobilidade e o transporte.

Mas qual seria a definição de mobilidade, quando relacionada a transportes? São diversos os conceitos e definições relacionados ao termo, principalmente no Brasil, onde a expressão ainda não encontra-se consolidada, constituindo um desafio para estudiosos e especialistas da área. Simplificadamente, pode-se definir mobilidade como a capacidade de deslocamento de pessoas e bens. Aborda a quantidade, disponibilidade, integração e utilização de diversos modos de transporte.

A mobilidade também é fortemente afetada por aspectos que estão por trás das escolhas dos indivíduos e dos grupos sociais que vivem nas cidades. Fatores históricos e culturais determinantes das relações dos indivíduos com o espaço urbano, a renda, a idade, o sexo, o estilo de vida, a capacidade de utilização de veículos e equipamentos de transporte, entre outros, podem alterar os padrões de deslocamento das pessoas.

Dos três pontos tratados na Conferência das Cidades deste ano, destaca-se que, com relação ao primeiro, sobre centros urbanos, a estrutura das cidades deixou de ser monocêntrica para, recentemente, principalmente a partir de 1980, tornar-se policêntrica.

Estudos relacionam a formação dos subcentros urbanos à eficiência e organização das cidades, pois a consolidação desses polos é capaz de proporcionar aos cidadãos o acesso aos serviços essenciais, diminuindo os deslocamentos motorizados, com a possibilidade de pequenas viagens a pé ou de bicicleta; ou ainda favorecendo o acesso pelos modos coletivos de transporte.

Assim, a policentralidade, que a partir de mix de usos do solo procura proporcionar residências localizadas próximas aos locais de trabalho, contribui para diminuir a distância dos deslocamentos pendulares e, por conseguinte, de viagens motorizadas. Destarte, são imperiosas políticas de desenvolvimento urbano que favoreçam a consolidação de subcentros desejados no processo de planejamento urbano e de transportes.

Sobre o segundo ponto, a gestão do sistema de transporte público, destaca-se a necessidade de políticas específicas e efetivas, nos níveis federal, estadual e municipal, que realmente favoreçam a implantação, operação e uso de sistemas de transporte coletivo – principalmente por ônibus, cujo custo de implantação e operação é relativamente baixo e cuja capacidade é bastante alta.

Políticas que estabeleçam a correta contratação e gestão adequada dos serviços são indispensáveis; além de políticas tarifárias criativas, possibilitando que toda a sociedade pague pelo sistema, não apenas os usuários.

O envolvimento da sociedade conclui o terceiro ponto. A população precisa envolver-se na busca por transporte coletivo de qualidade, no rateio dos custos de implantação e operação de sistemas coletivos e não motorizados, que privilegiem o pedestre e o ciclista, e na partilha da fiscalização dos serviços e investimentos.

Afinal, com o aumento do uso do transporte público coletivo e não motorizado (e de qualidade), gera-se menos congestionamentos, menos poluição, menos estresse, menos problemas de saúde. Enfim, melhora-se a qualidade de vida de toda a cidade. E os cidadãos agradecem.

Texto de Erika Cristine Kneib, Arquiteta urbanista, mestre e doutora em transportes, publicado no Correio Braziliense – DF

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