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Também nas cidades de porte médio localizadas nas vizinhanças das regiões metropolitanas do Sudeste e do Sul do País, as pessoas tendem cada vez mais a optar pelo carro para seus deslocamentos diários, como mostram dados do Departamento Nacional de Trânsito. Em consequência, congestionamentos, acidentes, poluição e altos custos de manutenção da malha viária passaram a fazer parte da lista dos principais problemas desses municípios.

De acordo com ranking de carros per capita no País, feito pela reportagem do Estado, com base naqueles dados, ocupam os dez primeiros lugares as cidades de São Caetano do Sul, Curitiba, Campinas, Santo André, Jundiaí, Florianópolis, Valinhos, Blumenau, São Paulo e Brusque.

Curitiba – com 1,8 milhão de habitantes e um serviço de ônibus de boa qualidade, que serviu de modelo até para cidades de outros países – aparece como a segunda colocada entre as que possuem maior número de automóveis por habitante. Há 488 carros para cada grupo de mil habitantes, mas, apesar disso, a capital paranaense ainda não sofre com os congestionamentos típicos das grandes cidades. Isso porque apenas 22% da população usa seus veículos no cotidiano. Em São Paulo – que tem 11 milhões de habitantes, um sistema de transporte coletivo de má qualidade e aparece na nona colocação, com 412 veículos por mil pessoas – 45% dos habitantes se locomovem de carro diariamente.

Cidades menores, com custo de vida menos elevado que o das capitais, baixo índice de desemprego e poder aquisitivo mais alto, tiveram suas frotas aumentadas em progressão geométrica nos últimos anos. A facilidade de crédito e a isenção de impostos são alguns dos elementos que têm colaborado para a realização do sonho de ter um carro. E os brasileiros desses municípios passaram a utilizar seus carros até para percorrer curtas distâncias, mesmo perdendo tempo nos congestionamentos e apesar dos alertas das autoridades sobre os danos provocados ao meio ambiente pelo aumento da frota.

Em cidades maiores, como São Paulo e Campinas, para fugir da violência e do estresse urbano, milhares de moradores se mudaram para condomínios fechados situados nas vizinhanças, onde ônibus e metrô não chegam. O planejamento metropolitano não acompanhou o movimento dessa parcela da população e, por isso, além da falta de transporte público, as malhas rodoviárias cresceram muito abaixo da necessidade. Alphaville, Tamboré, Granja Viana e Arujá são exemplos de bairros localizados em cidades vizinhas da capital, habitados quase que exclusivamente por paulistanos que, diariamente, vão e vêm com seus automóveis em longas e lentas viagens.

Além disso, carro continua a ser sinônimo de status para milhões de brasileiros de todas as regiões. A sua necessidade vem, muitas vezes, em segundo lugar. Há 35,3 milhões de veículos em todo o País, um crescimento de 66% nos últimos nove anos. Não por acaso, oito Estados já registram mais mortes por acidentes de trânsito do que por homicídios.

Na maioria das cidades dos países desenvolvidos, o número de automóveis por habitante é mais elevado do que o das capitais brasileiras. Mas na Europa e em muitas cidades americanas – onde existem bons sistemas de transporte – os proprietários em geral usam seus carros para viagens e passeios de fim de semana, não para trabalhar e outros pequenos percursos, como acontece aqui.

Ter carro não é problema. O problema está no fato de os brasileiros, na maioria dos casos, serem levados a usar seus veículos para ir e voltar do trabalho pelas notórias deficiências do transporte coletivo. Até mesmo em Curitiba, onde apenas 22% da população usa o carro diariamente, os administradores públicos já identificaram a piora no trânsito e têm investido na expansão de ciclovias, na melhoria de calçadas e em sistema de transporte integrado para desestimular o uso de veículos.

Essa é a orientação a ser seguida pelas nossas cidades. No caso das metrópoles, como São Paulo, também com pesados investimentos em transporte sobre trilhos – metrô e trens.

Fonte: O Estado de S. Paulo – SP | Espaço Aberto

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